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Sinopse do livro de Rute

Este livro é o ponto de intersecção entre a obra que o antecede com aquela que o sucede. Em uma linguagem mais contemporânea, é o apêndice do Livro de Juízes e a introdução aos livros de 1 e 2 Samuel.

Os judeus se referem a esse livro como “Megilloth Ruth”, “Rolo de Ruth” (מגילת רות). A LXX (Septuaginta) traduziu como “Routh” (Ρογθ), chegando até nós por intermédio da Vulgata Latina, “Ruth”.

O nome do Livro é bem sugestivo, considerando que “Rute” em hebraico significa “amiga”, “companheira”, “amizade”, “agradável”. Sendo uma característica daquela que deu nome à obra. Aqui o chamado de Abraão (Gn 12.1-3) começa a fazer total sentido. Além de Abraão ser o Pai da fé dos judeus, agora é inserida naquele chamado uma não judia para ser a precursora da linhagem messiânica. Observe a progressão da Revelação divina: Rute, a gentia que se casou com um rico judeu de linhagem real da promessa; Ester, a judia que se casou com um rei gentio.

Quanto a autoria, não há evidência no livro de quem escreveu. A tradição hebraica estabelece que o juiz-profeta Samuel é o autor de Juízes e de Rute. Não há consenso sobre o período em que esse livro foi escrito, alguns estudiosos creem que a história ocorre entre os períodos de 1210 a 1030 a. C., outros entre 1050 a 937 a. C.

O livro inicia com uma circunstância não muito comum de que havia fome na “Casa de Pão” (Belém). Da mesma forma como aconteceu com José no Egito, o Senhor usou a fome para trazer salvação e bênção espiritual para todos os habitantes da Terra.

Deus tem um grande senso de humor. A história apresenta a característica irônica de uma mulher virtuosa, que veio de um povo nascido de incesto, Ló e sua filha (Gn 19.30-38). Os moabitas, ancestrais de Rute, tinham atraído Israel para a idolatria e a imoralidade (Gn 19.37; Nm 25), mas agora ela estava influenciando Israel com o seu amor e virtude.

Um livro curto e com uma mensagem poderosíssima. Este livro narra a história de uma família judaica que migrou de Belém para Moabe, a fim de escapar de uma fome severa. O chefe de família, Elimeleque, não demorou a falecer; da mesma forma os seus dois filhos, Malom, esposo de Rute e Quiliom, esposo de Orfa.

Ante o enredo, temos três viúvas, Noemi, Rute e Orfa. Noemi, a sogra, resolveu voltar à sua cidade natal. Insistiu com suas noras que retornassem cada uma à casa de suas mães. Orfa anuiu com a proposta da sogra, mas Rute estava decidida a acompanhar sua sogra aonde quer que ela fosse, dizendo: “[…] O teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus” (1.16).

Noemi e Rute retornam a Belém, no tempo da colheita. Rute foi ao campo de Boaz, parente do falecido Elimeleque e que acolheu bondosamente à jovem moabita, ele ouviu falar de sua lealdade para com Noemi.

Nessa época vigorava a lei do levirato. Boaz resolveu casar-se com Rute, embora houvesse um homem que tinha maiores direitos de casamento (levirato), do que ele. Como esse outro homem se recusou a cumprir o seu papel de remidor, Boaz alegremente assumiu a função. Desse casamento nasce um filho, Obede. Este, foi o avô paterno de Davi.

O que mais nos impressiona nesse livro é o desfecho que o Eterno dá por intermédio dessas mulheres. Rute é mais notável do que você pode imaginar. Observe que os moabitas não podiam fazer parte do povo de Israel (Dt 23.3-6; Ne 13.1), todavia, a sua lealdade e confiança foram recompensadas, e ela tornou-se uma das antepassadas do Senhor Jesus. Observemos a genealogia de Jesus Cristo narrada por Mateus, a saber: Tamar, cananeia; Raabe, cananeia; Bate-Seba, mulher de Urias, judia; Maria, mãe de Jesus, judia; Rute, moabita (Mt 1.1-17). Quanta honra Deus tem a demonstrar as mulheres desde tempos idos!

 

  • Bíblia de Estudo Palavra-Chave Hebraico e Grego. 4 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2015.
  • CARSON, D. A. Comentário Bíblico Vida Nova. São Paulo: Vida Nova, 2009.
  • CHAMPLIN, Russell Norman. Novo dicionário bíblico Champlin: ampliado e atualizado. São Paulo: Hagnos, 2018.
  • CUNDALL, Artur E; MORRIS, Leon. Juízes e Rute: Introdução e Comentário. São Paulo: Edições Vida Nova: 2006.
  • GARDNER, Paul. Quem é quem na Bíblia Sagrada. São Paulo: Vida, 1999.

Ozeas Sousa

Bacharel em Teologia e professor de diversas matérias teológicas. Compartilho conhecimentos há mais de 26 anos em Seminários e Institutos Bíblicos, EBD (Escola Bíblica Dominical); minha segunda graduação é ciência jurídica.

Gosto de filmes/séries; ávido leitor, sobretudo de literatura teológica, filosofia, ficção científica, história. Casado e pai de três filhos!

Este post tem um comentário

  1. Olá Professor Oséias como vc sempre vc nos Abençoando com seus ensinos tão profundos e verdadeiros da Palavra de Deus!Estou aprendendo muito Parabéns 👏👏

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